segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O que está em jogo na cúpula de Copenhague

Entenda quais são as principais questões que serão debatidas na conferência mundial do clima – e o que o Brasil tem a ver com isso
Por Aline Ribeiro e Edson Porto, de Copenhague*
Poucos lugares seriam mais apropriados para discutir um futuro acordo sobre mudanças climáticas do que a bela Copenhague.Com suas ruas dominadas por ciclistas e turbinas de vento visíveis de diferentes pontos, a capital dinamarquesa é uma das cidades mais comprometidas em transformar a maneira como o mundo gera e consome energia. Talvez uma das poucas regiões ainda mais adequadas para a reunião seria o coração da selva amazônica. Primeiro porque o futuro das florestas tropicais é um dos temas mais importantes em discussão; segundo porque, tudo indica, a reunião, que acontecerá entre os dias 7 e 18 de dezembro, será uma das mais inóspitas, quentes e complexas que já aconteceram sobre o tema.

Um acordo em Copenhague tem sido tratado como uma questão urgente por diferentes razões. De um lado, os dados científicos apontam com crescente precisão que o planeta está se aquecendo por causa da ação humana. De outro, o Protocolo de Kyoto, tratado mundial criado em 1997 para tentar conter esse aquecimento, tem data para expirar: o ano de 2012. Outro complicador: segundo cálculos da consultoria McKinsey, 77% da infraestrutura de energia que será usada em 2030 deverá começar a ser construída nos próximos anos, e o que acontecer em Copenhague poderá definir se esses investimentos serão feitos em tecnologias limpas ou não. “Temos uma janela estreita de tempo para tomar as decisões”, afirmou Peter Sutherland, presidente da British Petroleum, durante um evento na Dinamarca, em outubro, para discutir o assunto.

As negociações em torno de um novo acordo do clima já estão ocorrendo há dois anos e envolvem uma grande gama de questões técnicas. Mas os debates mais importantes – e que podem levar a um colapso das conversações – giram em torno de dois temas interligados: limite de emissões e dinheiro. “A grande discussão que está na mesa é sobre a imposição de metas de emissões de carbono para os países e de mecanismos para financiar as reduções”, afirma Tom Brookes, analista da European Climate Foundation (ECF), um dos grupos técnicos mais ativos nas discussões sobre Copenhague.

DINHEIRO

A principal razão para que as negociações sobre o clima sejam tão delicadas é relativamente simples: elas podem mexer muito com a economia e a vida das empresas. “Copenhague discutirá o futuro das nossas economias, se vamos ou não embarcar em um novo período de dinamismo, inovação, criatividade e investimentos em crescimento de baixo carbono”, disse o britânico Nicholas Stern a Época NEGÓCIOS. Stern é o autor do mais respeitado estudo econômico sobre os custos e as consequências das mudanças climáticas.

O efeito estufa, responsável pelo aumento da temperatura global, é resultado da emissão de gases (o principal é o gás carbônico) que estão na base da economia mundial. Emite-se carbono para fazer uma gama enorme de produtos e também no transporte e na geração de boa parte da energia consumida no planeta hoje. Segundo os cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), o órgão da ONU que reúne os maiores especialistas do mundo no assunto, essas emissões precisam ser drasticamente reduzidas caso se queira evitar que severas alterações no clima afetem a vida de milhões de pessoas nas próximas décadas.

Para impedir que o planeta aqueça, na média, mais do que dois graus Célsius neste século, calcula o IPCC, é preciso que as emissões totais de carbono atinjam o pico nos próximos dez ou 15 anos e caiam entre 50% e 80% até 2050. Realizar uma transformação econômica tão profunda vai mexer com as economias e custar caro. Segundo a European Climate Foundation, com base nas recomendações da ONU, será preciso investir até US$ 100 bilhões por ano na próxima década. Esse dinheiro é necessário tanto para ajudar a mudar a estrutura produtiva e energética atual como para auxiliar as nações mais pobres a se adaptarem às alterações climáticas.

Segundo a consultoria McKinsey, o custo da mudança pode ser bem maior (quase US$ 800 bilhões apenas em 2020), mas as transformações também apresentam grandes oportunidades. “Muitos setores podem ganhar dinheiro com os investimentos agora e outros podem se beneficiar no futuro”, afirma Jeremy Oppenheim, diretor global da Iniciativa Especial sobre Mudanças Climáticas da McKinsey. Em um longo estudo sobre o assunto, a consultoria afirma que, embora as transformações necessárias possam custar até 1% do PIB mundial por um bom tempo, elas têm o potencial de promover crescimento e empregos no longo prazo.

Fonte: Revista ÉPOCA

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